
Após viajar quase um mês, o príncipe regente D. Pedro chegou a São Paulo, onde, às margens do Rio Ipiranga faria o ato de independência do Brasil, na tentativa de apaziguar os conflitos internos do país.
São Paulo, em 1822, era então cidade pacata. Tinha menos de 10 mil habitantes. Toda sua área compreendia apenas do largo de São bento ao de São Gonçalo, e da Rua Nova de São José à de Santa Teresa até as ruas Anhangabaú e Tamanduateí.
Não era a primeira vez que a província assistia um movimento separatista. O primeiro ocorrera há 181 anos, por decisão imediatista dos colonos paulistas, depositando na pessoa de Amador Bueno da Ribeira, o compromisso de governar a capitania.
Esse ato deu-se em 1 de abril de 1641, quando um grupo de bandeirantes convocou Bueno, que tinha experiência administrativa como capitão-mor e ouvidor de São Vicente, a serviço da Corte portuguesa, para separar São Paulo do resto Brasil e de Portugal.
Ocorre que nos séculos XVI e XVII, entre 1580 e 1640, os espanhóis controlaram os domínios portugueses no Brasil. Durante esses anos os bandeirantes paulistas caçavam índios pelo interior do país para lhe servir de escravos na lavoura e principalmente para serem vendidos. Nisso os bandeirantes mantinham negócio promissor na região do Prata.
Com o fim do domínio espanhol, a metrópole proibiu a escravização indígena no intuito de forçar os colonos a comprarem escravos africanos. Foi quando os bandeirantes paulistas organizaram um levante escolhendo Amador Bueno, cujos parentes tinham interesse nos índios como escravos, para liderar a revolta e governar a capitania de São Paulo.
Mesmo concordando com causa, “o Aclamado” abdicou da proposta. Prontamente ergueu a espada diante dos que lhe aclamavam não para gritar a independência, mas para dar vivas ao rei de Portugal, D. João IV. Recebeu ameaças por desacato e teve que se refugiar no mosteiro beneditino procurando proteção do abade e de seus monges.
Amador Bueno ficou sendo chamado de “o Aclamado”. Por sua fidelidade à Coroa, recebeu carta de D. João IV agradecendo-lhe pela lealdade. O episódio foi lembrado por D. Pedro ao ser aclamado primeiro imperador do Brasil, em 1822. Nesse intervalo de dezoito décadas, outras tentativas de independência ocorrem em solo brasileiro.