
Minas sofria com a cobrança de impostos. A metrópole havia decretado leis que dificultavam o desenvolvimento industrial e comercial da colônia. Em 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de indústrias fabris em território brasileiro. No mesmo período, a grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais começava a ter um declínio.
Mesmo com a produção de ouro reduzida, a Coroa manteve a cobrança de impostos sobre o produto numa cota anual de cem arroubas (1500 quilos). Caso essa exigência não fosse cumprida, o governador de Minas Gerais, D. Luís da Cunha Menezes, decretaria a Derrama, imposto individual e proporcional aos rendimentos de cada colono contribuinte, podendo até confiscar seus bens para saldar as dívidas. Registros da época mostram que em 1789 os mineiros deviam cerca de 530 arroubas em impostos não pagos nos anos anteriores. Isso correspondia a quase 7.950 (sete mil novecentos e cinquenta) quilos de ouro ou oito toneladas.
A derrama foi o maior motivo de os conspiradores se mobilizarem.
Estavam insatisfeitos com D. Luís da Cunha Menezes, que governou até 1788. Foi substituído por Luís Antônio Furtado de Mendonça, visconde de Barbacena. Este foi recebido com hostilidade por parte da elite mineira que detinha o poder político-econômico. Para apaziguar a revolta, Barbacena decidiu suspender a Derrama por um curto período, porém a ameaça de confiscar os bens por parte da metrópole permanecia.
Então os conspiradores Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Carlos Correia de Toledo, Oliveira Rolim, Joaquim Silvério dos Reis e Tiradentes combinaram de deflagrar o levante caso a derrama fosse decretada. Para isso pretendiam tornar o Brasil independente, implantar uma república e criar uma universidade pública na cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto. Caberia a Gonzaga, ex-ouvidor, governar no regime republicano por três anos até que fossem realizadas eleições.
Chegou março de 1789 e o governador Barbacena não tinha perspectiva de decretar a derrama. Resolveu chamar os devedores para acertar as contas com a Fazenda Real. O coronel comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, Joaquim Silvério dos Reis, viu a oportunidade de obter o perdão das dívidas e por isso delatou os companheiros deixando o projeto de independência apenas no sonho.
Já Silvério teve como recompensa o perdão das dívidas pessoais com o governo. Foram presas e levadas para o Rio de Janeiro 34 pessoas com o processo crime por inconfidência. Alguns integrantes foram condenados à prisão e ao degredo na África. Foram condenados à forca por esquartejamento: Alvarenga Peixoto, Álvares Maciel, Oliveira Lopes, Luís Vás, Freire de Andrade e Tiradentes. Enforcado, Tiradentes foi o único a ter o corpo esquartejado.
Os inconfidentes não tinham posição definida para por fim à escravidão. Mas chegaram a criar uma nova bandeira. Ela é composta por um triangulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia). Depois adotada pelo estado de Minas.